segunda-feira, 19 de maio de 2008

Instituto D. João V - O FIM DO MITO

Talvez ainda existam meia dúzia de pais/encarregados de educação que acreditam que o Instituto D. João V, (IDJV), no Louriçal, é um exemplo de «sucesso pedagógico». De facto, a maioria dos pais/encarregados de educação chegou à conclusão de que o IDJV «depois de espremido, não deita sumo nenhum», ou seja, entre aquilo que é a propaganda do Colégio do Louriçal e aquilo que são os seus resultados, existe uma diferença abismal, tal como existe entre a noite e o dia. O vício da propaganda chega a originar episódios caricatos e ridículos, que superam as melhores anedotas sobre loiras ou alentejanos. Por exemplo, no início do ano lectivo que ora termina, uma «directora pedagógica» anunciava com pompa e circunstância que três alunas tinham tirado nota vinte a Matemática, nos exames nacionais do 12º ano. Um grupo de pais, pretendendo homenagear as alunas, ainda hoje está á espera que a direcção pedagógica lhe diga quem são as felizardas, e também, após contactar o Ministério da Educação, descobriu que não constam semelhantes notas para os lados da terra dos dois temperos. O que de melhor o IDJV conseguiu nos exames nacionais foi uma média de 9.96, ou seja uma média negativa que não dá para entrar em… curso nenhum. A Associação de Pais procurou discutir este assunto, que preocupa todos os pais, mas a direcção pedagógica entendeu que isso seria descredibilizar o colégio, ou seja, a propaganda ficaria enfraquecida com o conhecimento da realidade. Ao conhecimento da Associação de Pais vieram muitas situações que contribuem para o «sucesso pedagógico de 9,96». Fica apenas um exemplo, bem disposto e que até nos faz rir, sem ser necessário beber água Frize: Uma professora de matemática, na turma do 12º ano, realizou um teste numa aula de 90 minutos. Ao fim de trinta minutos, um aluno queixou-se de que o primeiro exercício tinha qualquer coisa de errado. A professora disse-lhe que precisava era de estudar mais. Outros alunos também se queixaram. A professora resolveu dar uma olhadela no exercício. Ao fim de trinta minutos disse aos alunos para passarem à frente, porque o exercício… não tinha solução. Tinha tirado o exercício da net e nem sequer tinha tido a preocupação de o analisar previamente.

Não é normal um colégio ser um modelo pedagógico com uma média de 9,96 nos exames. Mas «normalidade» é coisa que não existe para os lados do IDJV. A Associação de Pais, tendo conhecimento de que o flagelo da droga proliferava no Colégio, procurou organizar um projecto de prevenção e alerta, envolvendo os pais, escola e Policia Judiciária. A direcção pedagógica não permitiu, porque «describilizava o colégio». Há uns tempos a GNR foi ao colégio engavetar um garoto por tráfico de haxixe. A presença da GNR não describiliza o colégio, pelo contrário, deve melhorar substancialmente a sua imagem…

Também não é propriamente característica de um «projecto pedagógico de sucesso» um grupo significativo de pais, pertencentes à Associação de Pais, se demitirem, com base na perda de confiança na direcção pedagógica, que sistematicamente perseguia e pressionava os pais e filhos, sempre que estes não partilhavam das ideais da «bendita direcção pedagógica». Nem no tempo do Salazar…

Mas, face a um descalabro pedagógico constante, um ambiente escolar degradado, o que faz com que o IDJV invista os seus recursos numa propaganda que anuncia exactamente o contrário?

A resposta é esta: são sete milhões de euros (um milhão e quatrocentos mil contos) por ano que todos nós, cidadãos portugueses, damos ao IDJV, e ele retribui-nos com 9,96 nos exames. Ou seja, os nossos filhos com aquela média ou nenhuma fazem exactamente a mesma figura (triste…), mas sete milhões de euros por ano dá para fazer outro tipo de figura, (figura de rico, naturalmente). Cada criança vale, para o IDJV, cinco mil euros por ano. E a conclusão a que se chega facilmente, é que o IDJV não é um projecto pedagógico, é um projecto financeiro, que tem como base a «educação» de quantos mais alunos melhor, pois o Estado (todos nós) paga por «cabeça», ou seja financia a quantidade e não a qualidade. Por isso Portugal é o país que gasta mais em educação e obtêm os piores resultados. Claro, não está no ranking, mas aposto que Portugal está no topo dos donos de colégios mais ricos da Europa.

Por isto, e por muito mais que não cabe neste texto, a maioria dos pais vai retirar os seus filhos no final deste ano do IDJV, apesar da propaganda e da «treta» do costume que o Colégio continua a apregoar. É que descobriram que não compensa os filhos andarem de autocarro uma hora por dia para frequentar uma escola que é igual ou pior do que aquela que têm à sua porta. E ainda por cima têm de pagar o transporte (ou talvez na prática paguem o leasing dos veículos ao proprietário do colégio, que os utiliza para outras actividades. Dinheiro puxa dinheiro, já diziam os antigos!...). É que essa hora pode ser utilizada para estudar, ir à piscina, ter explicações, etc. E o dinheiro do autocarro dá para pagar uma actividade dessas, que é muito mais importante para a formação dos seus filhos. No final de Junho a debandada vai ser geral.